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Nesta última quarta-feira, fui surpreendido, pela manhã, com barulhos de foguetes, que irrompiam o silêncio da Alameda Mário kauate, Alameda dos opostos, onde moro... Os estouros vinham dos arredores; algum lugar próximo, pela intensidade do som. No fundo ouvia-se, também, uma voz, bastante tímida, que pelo ritmo, narrava uma lista. Sem saber o motivo da comemoração, fiz algumas deduções. A primeira que me veio à cabeça: "Estão fazendo algum protesto na Av. Barão de Capanema, palco principal da cidade... Algo nada dejavu no nosso 'Mato Azarado'". Como de costume, saí para resolver algumas coisas. Ir à UFPA era um dos itens do itinerário. Ao me aproximar do Campus I da UFPA, a surpresa...
O perímetro em frente ao Campus estava interditado, por uma causa bastante justa. Alunos da histórica Escola Maria Amélia de Vasconcelos reunidos comemoram a aprovação no vestibular da UFPA... E não eram poucos. Uma festa completa, um verdadeiro entrudo: trio elétrico, fogos, ovos, trigo e muita animação. E a todo o momento, mais pessoas agregavam-se à comemoração... Quando participamos ou acompanhamos o árduo processo para entrar numa universidade pública, sabemos o quanto é emocionante e gratificante ser aprovado. Daí sempre é motivo de fazer festa...
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Quem já passou por isso enquanto estudante sabe... A festa dos outros é sempre motivo para rememorarmos a nossa festa, a emoção daquele momento. Contudo diante daquela Festa, além dessas sensações, a minha emoção maior era de vislumbrar a “Festa da Contracultura”... A Festa daqueles que são previamente subjugados a não ter acesso ao nível superior, que carregam consigo um prognóstico histórico de que são atrasados nos estudos e tampouco conseguirão concorrer à uma vaga (tão importante e vital), pois são abortados pelo discurso da “elite intelectual”... Minha adesão maior à essa festa era por esse motivo. Comemorei a reação à essa cultura...
Trabalhei um curto período na escola público, em cinco municípios do nordeste paraense, dentre eles o “Mato Azarado”, e não conseguia entender a falta de perspectiva dos alunos do Ensino Médio, quanto ao ingresso num curso de nível superior. Pra eles era algo inacessível... Sempre que eu roubava um pouco do tempo das aulas para falar de vida, momento que considero de suma importância, aproveitava e sondava os porquês daquela concepção tão entranhada no discurso deles.
Em uníssono eles diziam: “Nosso estudo é atrasado... O ensino público é atrasado...”. É um discurso histórico e que ejeta qualquer possibilidade de memória de futuro; não só a do vestibular. Ao que eu revidava: “Como atrasado? Vocês não têm professores? Os professores de vocês não têm qualificação de nível superior? O que atesta a incompetência de vocês?”. Nunca aceitei nenhuma justificativa. Meu discurso era/é contra essa cultura. Aproveitei a Festa e joguei ovo e trigo, não nos alunos, mas na cultura da exclusão, do descaso, da indiferença...