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domingo, 6 de setembro de 2009

“PÁTRIA AMADA IDOLATRADA. SALVE! SALVE!"

BRASIL, “(IN)DEPENDÊNCIA OU MORTE”?...


“As margens plácidas do Ipiranga ouviram / O brado retumbante de um povo heróico, / E o sol da liberdade brilhou / Em raios fúlgidos, no céu da Pátria, nesse instante.” O povo continua heroico, pois para sobreviver neste país é preciso muito heroísmo, resiliência... Todavia, é necessário dar o novo grito de liberdade ou morreremos aprisionados no marasmo miserável a que somos acometidos. O sol desta Pátria precisa brilhar em raios fúlgidos de educação, ética da alteridade, respeito, dignidade e patriotismo. Salvem!, Salvem!, a “[...] Pátria [talvez] amada, Idolatrada”. Dos nossos queridos políticos, clarividente, mais que amada e idolatrada pátria: “mãe gentil”... Pois, as leis são feitas por eles e em favor deles; que “mãe” quer o mal para seus filhos??? Nenhuma. Todavia, nós, “heróis idealizados”, temos nossos direitos políticos: além do direito de voto “obrigatório” em eleições (o direito de votar e de ser votado), também constituem direitos políticos o direito de voto (novamente) em plebiscitos e referendos, o direito de “iniciativa popular” (escasso neste âmbito nos dias atuais) e, o direito de organizar e participar de partidos políticos. Quanto nonsense... Nosso “[...] partido é um coração partido”. Como se não bastasse, há a hipótese de perda e suspensão de direitos políticos – “Quando a esmola é grande, o santo desconfia”. Salve a Democracia... Democracia!!!??? MORTE...

BRASIL, UM SONHO INTENSO...


“Brasil, um raio vívido, um sonho intenso / de amor e de esperança [...].” É vital sonhar. Sonhar que um dia “Todos seremos iguais perante a lei”... Que as leis serão aplicadas a todos e nas devidas circunstâncias. E, não irão para a cadeia, somente os que roubam por necessidade, fome e descaso social, porém, também, aqueles que além das regalias, “desviam” verbas - milhões (ótimo eufemismo) sem necessidade. Precisamos ter esperança que um dia o dinheiro arrecadado com os impostos seja revestido em benefícios para os “Heróis” desta Pátria: saúde, segurança, educação, transporte, cultura, pagamentos de salários (dignos) aos funcionários públicos, etc. Que o dinheiro arrecadado com impostos, também, seja usado para investimentos em obras públicas (hospitais, rodovias, hidrelétricas, portos, universidades etc.) e segurança de verdade. Afinal, são tantos impostos: IPVA, IPTU, CSS – usurpador da “CPMF”, ISS, ICMS, PIS, COFINS e I.R etc. etc. etc. Nossa “Pátria amada” tem uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo, 37% do PIB (Produto Interno Bruto). Surge a pergunta, que infelizmente está calada: para onde/quem vai tanto dinheiro? Certamente, não vai para quem paga os impostos, mas para os impostores: “Essa gente não quer nada / É praga sem precedente / Gente que só sabe fazer / Por si, por si”. Não podemos chegar ao ponto de pensar que “A esperança é um urubu pintado de preto...” Melhor um sonho intenso de amor.


BRASIL, GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA?...

“És belo, és forte, impávido colosso, / Gigante pela própria natureza, / E o teu futuro espelha esta grandeza.” Ainda belo, forte, todavia nem tão gigantesco em biodiversidade. A depredação, o desmatamento, as queimadas, o narcotráfico, o inchaço nas periferias urbanas com a superpopulação, a invasão das áreas indígenas são problemáticas que não deixam espelhar tal grandeza e, clamam pela interferência dos filhos sensatos desta Pátria. A “Amazônia abriga 33% das florestas tropicais do planeta e cerca de 30% das espécies conhecidas de flora e fauna. Hoje, a área total vítima do desmatamento da floresta corresponde a mais de 350 mil Km2, a um ritmo de 20 hectares por minuto, 30 mil por dia e 8 milhões por ano”. E, não é só isso... “Ó Pátria amada! / Tu és, Brasil, [...]” claro que adorada entre outras mil. Invadem nossa floresta, roubam nossas riquezas naturais para depois patentear – “[...] o homem quer sempre mais”.

A “biopirataria”, prática comum na Amazônia, se caracteriza pelo uso de dispositivos genéticos transformados em produtos de mercado patenteados. Com esse processo, diversas espécies, muitas delas nem sequer identificadas pelo homem, desapareceram da Amazônia. Bruno Barbosa, Coordenador da Divisão de Fiscalização do Acesso ao Patrimônio Genético do Ibama, esclarece que não tem condições de avaliar a infinidade de espécies endêmicas do Brasil que foram patenteadas no exterior, no entanto explica que isto gera riquezas aos invasores e causa um buraco no desenvolvimento econômico e científico do Brasil. O pulmão maculado do mundo, só é nosso geograficamente; está sitiado por japoneses, chineses, estadunidenses etc. etc. etc. Estes últimos têm a Amazônia como um território dos Estados Unidos da America (esta ideia é disseminada nos livros didáticos). Assim, o que restar da nossa floresta deverá ser privatizado num futuro imediato. Os ativistas e especialistas do mundo inteiro protestam a irracionalidade do capitalismo, pois a Amazônia tem um papel fundamental no equilíbrio da biosfera e, a devastação/exploração contribui na drástica mudança climática do planeta.


ORDEM E PROGRESSO???

 
“Brasil, o lábaro estrelado que ostentas / seja símbolo de amor eterno, / E o verde-louro desta flâmula diga / - Paz no futuro e glória no passado.” Paz, Como? Com os parcos investimentos e comprometimento com a educação? Não. Isso é um entrave para o desenvolvimento de um país. Isso é fazer progresso na contramão, desordem... O Brasil é o terceiro país em índice de analfabetismo da América Latina, atrás apenas do Haiti e da Guatemala, segundo um relatório divulgado pela ONG Alfalit. De acordo com esta ONG, os níveis de analfabetismo da nossa Pátria chegam a 11,4%, número que só não é pior que o do Haiti, 41,7%, e da Guatemala, 30,9%. Somos consequentemente, um dos países mais violentos do mundo; temos um alto índice de extermínios, violência doméstica e contra a mulher. Não poderia ser diferente... Para que nossa bandeira seja símbolo de amor eterno, é necessário, a priori, hastear a bandeira da educação. Destarte, teremos cidadãos, filhos que não fogem à luta no combate às desigualdades/injustiças sociais. Filhos que adorarão a Pátria até a morte e, não meros eleitores. Então, Pátria amada, serás mãe gentil...

 
“QUE PAÍS É ESTE?”...

“Nas favelas, no senado / Sujeira pra todo lado / Ninguém respeita a constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação.” Devemos gritar novamente do Ipiranga: INDEPENDÊNCIA!!! FORA SARNEY E, TODOS QUE FINGEM QUE NÃO SABEM DE NADA... É preciso ressuscitar os espíritos revolucionários: Confederação dos Tamoios, Levante dos Tupinambás, Inconfidência Mineira, Revolução Liberal, quilombo dos Palmares, Cabanagem, Revolução Farroupilha, Guerra de Canudos, Revolta da Vacina, Revolução de 1930, Movimento Estudantil (1968) etc. Ou melhor, devemos pintar a “cara” com as cores verde e amarelo (“Caras-pintadas” – 1992) e, sair às ruas protestando este novo modelo de ditadura contemporâneo, ao invés de reivindicarmos causas frívolas (espaço e respeito já conquistados) com bandeiras multicores... Nunca, como hoje, houve tanta liberdade de expressão, no entanto reina a ditadura da alienação; o fluxo de informação nunca foi tão intenso e acessível, porém impera a ditadura da falta de argumentação, do silêncio... “Brasil! / Mostra a tua cara [...]”, queremos ver quem paga para a gente ficar assim. Somos filhos desta “Grande Pátria desimportante [...]” e, em nenhum instante deveríamos traí-la. Confia em nós, BRASIL!!!

(HADSON DE SOUSA)



domingo, 23 de agosto de 2009

CULTURA POPULAR: SABEDORIA DE UM POVO...

 
Sem dúvida, “Em terra de cego quem tem um olho é rei.” Ainda bem que “Quem com ferro fere, com ferro será ferido...”. Melhor ir de devagar, pois “A pressa é a inimiga da perfeição...”. Seja grato: “Cavalo dado não se olha os dentes...”. Metaforicamente, “A ocasião faz o ladrão...”. Apesar dos pesares, “Quando um não quer, dois não brigam.” A verdade tem que ser dita: “Casa de ferreiro, espeto de pau....”. Em tempos de pandemia, “Prevenir é melhor do que remediar...”, pois “O seguro morreu de velho...”. Infelizmente, “Cada povo têm o governo que merece...”, no entanto “Errar é humano, permanecer no erro é...”, melhor não dizer. Quanta sabedoria... Filosofia popular. Quem nunca ouviu ou falou uma dessas expressões, cristalizadas na sociedade? “Ah, a minha avô/bisavô dizia...”. “A mamãe/papai sempre me falou estas verdades...”.


O imaginário de um povo pode ser considerado uma gigantesca enciclopédia oral, onde estão registrados os ditados populares, folguedos e festas, os brinquedos e brincadeiras, as crendices, a medicina caseira, a culinária, os mitos, os contos, as (par)lendas, superstições, as cantigas, as danças etc. etc. etc. Todo este conhecimento foi nomeado de “FOLCLORE”, pelo antropólogo inglês William Jhon Thoms - grande estudioso e admirador das manifestações populares de diversos povos. No dia 22 de agosto de 1846 ele publicou um artigo, com o título Folk-lore, na revista inglesa The Athenaeum. Daí, reverenciarmos neste dia, em todos os lugares do mundo, a cultura popular. A expressão FOLCLORE, etimologicamente, condensa dois vocábulos ingleses: FOLK= Povo e Lore= Conhecimento; portanto, conhecimento (anônimo) de um povo, tudo aquilo que é inventado pelo povo e transmitido, oralmente, entre pessoas e gerações. Essa transmissão é responsável pela perpetuação e alteração destes conhecimentos e, é chamada de tradição.


Falar do grande mosaico que compõe o FOLCLORE de um povo desemboca em outra expressão, sobejamente utilizada, o clichê: CULTURA. A origem dessa expressão encontra-se na língua latina. O radical da palavra é o verbo latino "colo", que tem o sentido original de "cultivar". O vocábulo latino "cultus" (particípio de colo) tem, portanto, inicialmente o sentido de cultura da terra. O verbo assumiu o sentido de "cuidar de", "tratar de", "querer bem", "ocupar-se de", "adornar", "enfeitar". Depois o sentido de "civilização", "educação"; e, também, o sentido de "adorno", "moda", "decoração". No léxico da língua portuguesa, talvez, não haja outra palavra com sentido tão latu como CULTURA; nossa vertente adotou as acepções atribuídas pelos alemães: cultivo de hábitos, interesses, língua e vida artística de uma nação. Assim, engloba toda cosmologia social.


Quem sabe daí a confusão pertinente ao uso do termo CULTURA. É comum ouvirmos alguém ratificar que fulano é “culto” e/ou evidenciar que beltrano não tem cultura. Também, no senso comum, CULTURA está, única e exclusivamente, conectada com as manifestações artísticas... Também, surge outro equívoco, o de pensar numa sobreposição de culturas: achar que uma cultura é melhor e/ou mais elaborada que outras – “pseudo-barrismo”. Pior ainda, se tudo isso levar ao preconceito contra certas culturas, ao que, comumente, recebe o nome de “xenofobismo” - qualquer forma de preconceito cultural, grupal (de grupos minoritários) ou racial. Na contemporaneidade, melhor seria pensarmos numa intertroca, numa “colcha de retalhos” culturais... As culturas não são estáticas, perdem e ganham características ao contatarem-se com outras. Não somos, em parte, a mesma sociedade dos séculos anteriores, somos? Uma releitura talvez...


“VIVER AS CULTURAS!!!”



No mundo “global” com o desenfreado fluxo de pessoas e informações, vírus também, não dá para pensar numa cultura étnica, homogênea. As culturas resultam de um escambo, de um processo de aculturação; diferente, claro, do que acontecia no século XV – extermínio de muitas culturas pelo processo de colonização. Deve ser levado em conta que tais mudanças são necessárias. Porém, em alguns casos, podem levar ao empobrecimento ou perda de identidade. O contato com outros hábitos, através das migrações, da mídia e mais fortemente da Internet levam a vulnerabilidade de culturas. A Organização das Nações Unidas – UNESCO assumiu a responsabilidade de dirimir casos de desaparecimento de expressões culturais frágeis. Para tanto, orienta os Estados-membros a preservar seu patrimônio cultural imaterial, determinando parâmetros para proteção da cultura tradicional e do folclore.




“Brasil! / Meu Brasil Brasileiro / Mulato inzoneiro / Vou cantar-te nos meus versos / Brasil, samba que dá / Bamboleio, que faz gingá / O Brasil do meu amor / Terra de Nosso Senhor...”.


Meu Brasil brasileiro?... Nosso Brasil é mais que brasileiro. Nossa cultura é resultado de uma compilação de costumes, um verdadeiro sincretismo cultural. A priori foi o choque entre duas culturas díspares: portugueses e índios; depois os africanos, compondo, assim, a tríade basilar. A posteriori veio a colaboração dos holandeses, espanhóis, italianos, alemães, japoneses e árabes etc. O resultado deste processo de formação étnica, cultural e social é nossa pluralidade cultural. O embaixador do Brasil junto à UNESCO, Antonio A. Dayrell de Lima, esclarece que “‘diversificar é preciso’: a diversidade cultural é, em um certo sentido, o próprio reflexo da necessidade abrangente da múltipla diversidade de vidas na Natureza, a fim de que essa possa como um todo renovar-se e sobreviver. A cultura é a ‘natureza’ do homem. A diversidade cultural pode ser vista, por conseguinte, como a nossa ‘biodiversidade’(...)”. Destarte, ele nos alerta à preservação, “se não quisermos estiolar em um mundo globalizado desprovido dos conteúdos, valores, símbolos e identidades que nos dizem intimamente respeito.” Seria de bom alvitre e grandiloquente “viver as culturas”, respeitá-las e preservá-las, ao invés de pensá-las numa escala hierárquica... Nossa identidade evidencia-se e concretiza-se na diferença com outras. Dessa forma, como somos todos cultos, o slogan é: VIVA AS DIFERENÇAS... VIVA AS CULTURAS... VIVA O FOLCLORE!!!!
(HADSON DE SOUSA)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

CAPANEMA DE TODOS OS SONS: BANDA DDT



Tem pianista clássico? Tem. Tem tenores e sopranos? Tem. Tem “voz e violão”? Tem. Tem a melhor banda fanfarra do Brasil? Tem. Tem grupo de “metal e Sax”? Tem. Tem o “pai do Techno-Brega”? Tem. Tem o lirismo das serestas? Tem. Tem lamento Sertanejo? Tem. Tem “forrozeiros”? Tem. Tem “som do barzinho”? Tem. Tem banda de “Pau e Corda”? Tem. Tem “Rock and Roll”? Claro que tem... Com a BANDA DDT, num estilo como ninguém...


É isso, da música erudita à música popular Capanema tem. No entanto, queremos evidenciar, sobretudo, o talento idiossincrático, o “Rock and Roll” da BANDA DDT – DESTRUIDORES DE TÓQUIO, produzido no "Mato Azarado". Pelo nome inusitado, batismo recebido de um amigo da banda, o poeta Lin-cão (lincol leandro), já dá para perceber a irreverência e a personalidade deste grupo, constituído pelos amigos Alex Lima (baixo e voz), Nazo Glins (guitarra e voz) e Messias Lima (bateria), que exporta talento Brasil a fora. Nazo Glins, compositor, vocalista e diretor da banda, ratifica e diz: “(...) no mundo globalizado originalidade é tudo. Tentamos vários nomes, mas todos já tinham, no mínimo, duas bandas usando (...). Então, o Lin-cão apareceu com essa extravagância em forma de nome, tirado de um ‘RPG’ japonês. Jogamos no ‘Google’ e não deu outro; até hoje somos os únicos com a coragem de usar um nome tão absurdo como este. No começo até nós estranhávamos, mas hoje virou nossa marca.”
Os DESTRUIDORES DE TÓQUIO, na verdade pretendem destruir o marasmo do célebre “Mato Azarado”, Capanema, onde moram e ensaiam, desde o inicio do grupo. A estréia no ano de 2002, claro que nada convencional, foi num barzinho gay, próximo ao cemitério da cidade, em um dia de finados. Depois, com equipamentos sucateados, a banda pegou estrada rumo a outros interiores, influenciados por Stooges, Kinks e Altemar Dutra, apresentando-se nos mais sórdidos palcos: “puteiros, botecos, inferninhos e festas de Halloween fuleiras...” Então, com muita experiência, os DESTRUIDORES partiram com destino a grande metrópole do norte do país, a capital da Amazônia. Belém foi demolida pela BANDA DDT...

Na era da tecnologia da informação e comunicação podemos dar uma volta ao mundo sem sair de casa e, a BANDA DDT, que tem vários trabalhos na bagagem (“A Celebração da Autodestruição” – 2006 (Cd demo independente); “Música para suicídio” – 2007(independente distribuído pela “Ná Music”)) soube aproveitar muito bem isso. No segundo álbum, após postar em um site de vídeos, “YOUTUBE”, trabalhos da banda, veio a surpresa e o reconhecimento a nível estadual; um dos trabalhos foi contemplado e ficou entre os dez melhores vídeos paraenses na mostra “Curta Pará” (Prêmio “Na Figueiredo” ao vídeo-clipe paraense, 2007 e 2008). A partir daí surgiram as oportunidades. A excentricidade do rock da “terra do cimento”, uma compilação de punk com pop rock, caiu no gosto nacional.


À luz de grandes nomes no gênero: Velvet Underground, Neutral Milk Hotel e Arnaldo Baptista, o Grupo deu uma maneirada no som, adquiriu equipamentos de qualidade e descolou melhores apresentações. Foi por duas vezes consecutivas finalista do festival “CCAA Fest”, tendo assim suas músicas na coletânea do evento; tocou no festival “Memorial do Rock”, promovido pela TV Cultura do Pará; produziu e organizou a primeira e segunda edições do festival “Nada de Cover” (2007 e 2008). Tudo isso, sem, evidentemente, perder a veia “lo-fi” (produção caseira) e nem abrir mão dos temas preferidos de suas letras: “Sadomasoquismo e outras perversões sexuais, violência doméstica e estado de consciência quimicamente alterada. (...) bebemos na fonte dos ‘malditos’, artistas e bandas que nunca fizeram muito sucesso, mas que marcaram a história, como: Sérgio Sampaio, The Zombies, Ronnie Von (fase maldita), Lou Reed, Igg Pop e outros. Para fazermos música como naquela época (60 e 70) adquirimos equipamento ‘vintage’ (instrumentos clássicos e antigos); equipamentos novos, porém fabricados como antigamente, seguindo todas as especificações técnicas da época. Minha guitarra é um modelo de 1956, uma reedição que atualmente está fora de linha; o baixo do Alex é um modelo de 1969, tudo isso para conseguir um som original e atlético.”, esclarece Nazo Glins.

Com a proposta de devolver ao rock o seu espaço na história, os DESTRUIDORES não querem chocar, afrontar e/ou derrubar tradições. Eles adotaram uma postura meio “neodadaísta-niilista-expressionista”, de não falar de políticas públicas, religião, luta de classes e nem divulgar a opinião deles, concernente a esses assuntos. Portanto, visam o rock como arte, poesia, lirismo, música de protesto, comungando, assim, com grandes nomes: Bob Dylan, Joan Baez, Secos e Molhados. A voz da banda: “É só música...”. Recentemente a DDT foi uma das dez selecionadas pelo site “Trama Virtual” no concurso “Peligro/Trama” e, uma das cinco bandas escolhidas pelos internautas para tocar no “Milo Garage” em São Paulo, na festa da “Peligro”; também, foi destaque no festival “Se Rasgum” (o mais importante evento de rock do Norte do País).


A BANDA DDT agora se prepara para divulgar seu novo álbum, intitulado “O Avesso e o Avesso”: uma obra completa que flerta com o Romantismo e o Simbolismo, com o cinema de vanguarda europeia, com o Expressionismo alemão, com o samba canção e com a poesia marginal; o primeiro por um selo, o “Ná Records”, que já lançou grandes nomes da cena independente. Assim, aludindo a outro projeto, também capanemense, “Santo de casa não faz milagre, faz arte...”, que visa apresentar o artista à sua terra natal, o “Mato Azarado”, a “VITRINA CULTURAL” teve a honra de apresentar para o capanemense “ver e ouvir”: BANDA DDT – DESTRUIDORES DE TÓQUIO. A “lendária terra do cimento”, Capanema, nunca mais será a mesma, eles irão “lapidar” o concreto grotesco e frio e, transformá-lo em arte... “[N]Esse tal de Roque Enrow! / Um planeta, um deserto / Uma bomba que estourou / Ele! Quem é ele? / Isso ninguém nunca falou! / Ôh! Ran!...”


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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

“ESPELHO, ESPELHO MEU...”: SOMOS AQUILO QUE VEMOS???!!!

Na sociedade global a imagem é um bem de primeira necessidade, coisa de suma importância; somos a era do símbolo, do ícone, da tecnologia, do “Photoshop”, da cirurgia plástica... Daí, paradoxalmente, o cuidado/descaso com a autoimagem e/ou a saga para suprir um padrão imposto pelas mídias. A beleza sempre foi tema de infindas discussões; Para Platão, o belo é o bem, a verdade, a perfeição; tem existência própria, desvinculado do mundo sensível, residindo, assim, no mundo das idéias. Para esse filosofo o belo independe do conceito dado pelo homem. Contrário a Platão, Aristóteles defende que o belo seja inerente ao homem, não pode estar desvinculado daquilo que é sensível ao homem. S. Tomás de Aquino, na idade média, descreveu uma das mais concretas e louváveis reflexões acerca da beleza: “aquilo que provoca um conhecimento gozoso”, em outras palavras, o prazer que nos é provocada pelo belo; visto de uma ótica individual.

Em todas as épocas e sociedades atribui-se conceitos ao belo, que vêm alterando-se de acordo com o tempo, espaço, culturas etc. Na antiguidade clássica o belo estava ligado à ideia de simetria (proporção) e, ter um corpo perfeito era sinônimo de saúde e virtuosidade: “corpo são em mente sã” (era o slogan). Na idade média os corpos rechonchudos (mais avantajados) eram sinônimos de virilidade, fertilidade, saúde e, também, status sociais; pobreza, doenças e incapacidade de ter filhos sadios eram somadas à magreza. Nesse período, devido o poderio da igreja, o belo, também, estava vinculado ao plano metafísico e, identificava-se com Deus (perfeição); Santo Agostinho, filosofo da época, ponderou: "As coisas são belas porque agradam, ou agradam porque são belas? Respondo sem vacilar: agradam porque são belas.". No renascimento o conceito de belo resgata a proporcionalidade da antiguidade clássica conectada, claro, à saúde. No século XIX a magreza começa a ser incorporada nos padrões de beleza. Claro que Estes padrões não eram massificados.
 
Opondo-se a tudo isso, chegamos ao modelo de beleza veiculado no século XXI, um arquétipo surreal e desumano, fruto da era da tecnologia da comunicação e informação: corpos delgados, longilíneos, esbeltos com algumas partes maximizadas, de pele branca, cabelos loiros e olhos azuis. Este padrão cosmopolita, globalizado, está associado, de forma explícita, ao consumismo e gera uma idealização desse tipo físico corporal, relacionando-o aos ideais de beleza, felicidade e ao poder de atração sexual; tudo isso é imposto, despoticamente, pelas mídias.

Segundo uma pesquisa recente, que envolveu homens e mulheres de 10 países (claro que elas vitimam-se demasiadamente), mais da metade dos brasileiros estão insatisfeitos com sua imagem e atratividade física. Estamos também no ranking de países que mais fazem plástica no mundo. Quantos não sacrificam a própria vida submetendo-se à ditadura do belo: casos e mais casos de morte no Brasil. “As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”... Se Vinicius de Moraes estivesse vivo, talvez, ele repensasse este clichê.

Houve um tempo em que a ideologia “somos aquilo que comemos” era bastante amplificada na sociedade; buscava-se uma reeducação alimentar, alimentação antroposófica, com o intuito de ter uma vida mais saudável. Hoje, podemos ratificar, parodiando esse slogan, que “somos aquilo que vemos”; a imagem “photoshopada”, artificial, inorgânica é modelo venerável. Até o ciclo natural da vida já foi alterado, transposição do mundo virtual para o real. A síndrome de “Peter Pan”, negação ao envelhecimento, assola nossa sociedade; os especialistas em cirurgia plástica agradecem...

Então, o padrão de beleza contemporâneo é um protótipo natural, sinônimo de saúde, ou uma invenção tecnológica, virtual, surreal? Precisamos ter consciência corporal, respeitar o próprio corpo, as fases da vida, parar de pensar que somos bonecos de massinha ou uma imagem virtual que pode ser moldado e/ou “photoshopada” de acordo com tendências efêmeras, frívolas. Na sociedade do “fast food”, do expresso, do instantâneo, do transgênico, buscar um padrão de bem-estar do corpo com uma boa alimentação, associada à prática da atividade física, garantirá uma vida mais saudável em todos os sentidos e, isso refletirá na autoimagem. Deveríamos correlacionar o vocábulo BELEZA aos mesmos sentidos que eram dados na Grécia antiga (KALÓN): amor, bondade e justiça; ao primeiro, principalmente, pois, sobretudo, deveríamos ter amor próprio. Não à ditadura da beleza, porque, como canta Maria Rita, “Nem! / Toda feiticeira é corcunda / Nem! / Toda brasileira é bunda (...)”.

(HADSON DE SOUSA)