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domingo, 27 de fevereiro de 2011

CAVALO DADO NÃO SE OLHA OS DENTES?

GOOGLE IMAGENS
Se pararmos para pensar, vivemos hoje uma reviravolta nas convenções que nossos ascendentes outrora nomearam de valores. Lembro perfeitamente de muitos ditos populares que minha mãe, sobejamente, em momentos oportunos, fazia questão de enunciá-los, e citar a fonte, com o afã de nos preparar para fora: EDUCAR...
Alguns àquela época passavam batidos. Um deles, só entendi depois que tive a graça de ser pai. Mamãe usava-o nos momentos difíceis, talvez para buscar forças, como o espinafre do Popeye: – Minha vó sempre dizia: Quem tem filhos tem cadilhos, quem não os tem, cadilhos tem. Se os senhores não entenderam, eu também bati cabeça para tal...
         Dançar de acordo com a música... foi outro ensinamento importante para exercitar a paciência. Na sociedade do automático, este valor foi ejetado. Somos extremamente imediatistas, preferimos os links (que nos fazem desviar o caminho) e a sensação de rapidez. Queremos somente clicar e pronto. Caso contrário: EXPLOSÃO! Não encaro estas pérolas como fruto do determinismo, conformismo, imposições de outrem. Mas como filosofia popular; um verdadeiro elixir para a vida em sociedade. Elas me veem à cabeça, nos momentos necessários, como oração da humildade... Então, vejo que não posso abarcar o mundo com as pernas. Portanto não sou dono do mundo... Querer, não é poder.
          Outro dia vivenciei uma situação que me fez resgatar um desses tesouros dos antigos. Uma senhora necessitada, como todos somos de algo, bateu na minha porta para pedir ajuda. No início eu atendia aos pedidos, mesmo sem receber um simples obrigado em troca. Depois de um tempo os pedidos se transformaram em ordens. Sentia-me obrigado a ajudá-la..., a atender o que ela exigia, porém ao mesmo tempo percebi a imposição exterior. Quando eu não podia atender os “requerimentos” na totalidade, ela simplesmente desdenhava da oferta. A situação tornou-se o avesso da caridade. Fui obrigado, também, a colocar um ponto final na história. Pois o movimento não vinha do coração, penso que do fígado. 


Refletindo o fato, fiz o download de um arquivo do HD da memória: Cavalo dado não se olha os dentes... É, percebi que a máxima que me levou a exercitar a gratidão, desde cedo, a receber de coração a boa vontade das pessoas, pelo mais simples gesto, sem nunca exigir nada, havia sido redimensionada... Em crise, cheguei até a pensar que os dentes do cavalo dado deveriam ser olhados, questionados, recusados... Que absurdo. Abuso de necessidade!!!


Pena que esses valores foram metamorfoseados na sociedade do descartável. Vivemos hoje o lado negatividade do niilismo no âmbito da ética e da moral, morte dos valores ensinados e petrificados pelos sábios que nos precederam (tataravós, bisavós, avós). Agora, tudo é permitido... Quem disse que a mentira ainda tem pernas curtas? Hoje, ela vale mais que a verdade. Somos assaltados em nossas casas, nas esquinas da vida, pelo discurso da necessidade falsa, do “coitadismo” (falta de vergonha seria melhor...). Geralmente, não doamos de coração, a caridade nos é arrancado do bolso. Temos medo dos castigos do deus forjado pelos pedintes, por isso ficamos com as mãos para o alto... 

domingo, 13 de fevereiro de 2011

18º FESTIVAL DE DANÇA ACADEMIA CHIARA RÊGO



Podemos comparar nossa biodiversidade natural com nossa diversidade cultural... O ser humano com seu modo de recortar a realidade, de ver e entender o mundo, criou AMBIENTES tão DIFERENTES quanto os naturais. Cada um com energias e ares díspares, compõe um grande mosaico e, cada pedaço com suas peculiaridades diferenciam-se do todo, mas sem conflito, sobreposição. Há uma perfeita harmonia e interação, complementação... Como se todos os AMBIENTES, apesar de DIFERENTES, tivessem aspectos que, ao mesmo tempo em que os diferenciam, os tornam similares.  Estes ambientes possuem um arquétipo comum. Uma espécie de enteléquia, essência da alma, que para Aristóteles é a forma e o ponto onde reside a perfeição.
A Academia de Dança Chiara Rêgo traduziu em movimento, no seu último espetáculo de fim de ano (dezembro de 2010), esses diversos AMBIENTES criados pelo homem, resultado da confluência entre as culturas. A dança foi utilizada como enteléquia para interligar estes “espaços”. Na ribalta mais de duas horas de muita dança. Cada coreografia, um mix de estilos, expressava a multiculturalidade responsável pela reformatação das sociedades. A coreógrafa revelação do “Dança Pará 2010”, Chiara Rêgo, idealizadora do festival, diz que a montagem reforça uma das finalidades da arte que é transformar os espaços em “AMBIENTES DIFERENTES”...
Tudo isso resultou no recorde de bilheteria. O público que lotou o Auditório Frei Leônidas Vavassori é responsável por tornar o Festival de Dança da Academia Chiara Rêgo uma tradição no município de Capanema. “Porque sem os aplausos calorosos e motivadores deste público, cada vez mais ávido do prazer estético proporcionado pela arte da dança, nosso trabalho não teria sentido. Ele só se torna possível, pleno, com a força tarefa de todos aqueles que creditam e acreditam no potencial transformador da arte do corpo...” – desabafa a professora Chiara Rêgo num tom de agradecimento a todos que patrocinaram, apoiaram e participaram, no palco ou na plateia, da 18ª edição do Festival...