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domingo, 6 de fevereiro de 2011

UM CHICO DIFERENTE...




GOOGLE IMAGENS
 

 Raríssimas exceções, quase todo Francisco é apelidado de Chico; nem que seja lá em casa, na intimidade... Contudo, o Chico que quero apelidar é um Chico diferente..., de sobrenome Xavier. Mas não pretendo discorrer acerca do plano religioso no sentido místico... Calma! Não sou nada diante do enigma: Chico Xavier. Comprei um DVD quando o filme sobre o médium ainda estava em cartaz nos cinemas. Tudo bem, faço parte do mundo da acessibilidade... Durante a minissérie, veiculada na TV, revi o filme – uma obra-prima do cinema nacional. Além da atuação de grandes nomes da dramaturgia, o roteiro e a fotografia não deixam nada a desejar.  

FOTOGRAMA DO FILME: CHICO XAVIER

Entretanto, um detalhe quase imperceptível me chamou atenção e, negritou nos meus pensamentos esse Chico diferente. Desde a infância ele recebeu um dom, algo diferenciado: o contato com o plano transcendental; ou como queiram nomear. Porém, quando já estava “maduro” para tomar decisões e responder por elas, foi interrogado por Emmanuel, o “guia espiritual”, se estava decido a ter uma vida de serviço, de doação ao próximo. Chico não hesitou em dar o sim. O guia para testá-lo apresentou a contrapartida. Expôs as três regrinhas básicas que ele deveria seguir: “A 1ª: disciplina; a 2ª: disciplina; e a 3ª: disciplina”.

FOTOGRAMA DO FILME: CHICO XAVIER

 Emmanuel acompanhava Chico Xavier em todos os momentos; não apenas para iluminá-lo, mas para “cobrá-lo”. O guia chega a ser severo e não dá alternativa: doação ou doação? E o Chico disciplinado e obediente escolhe: DOAÇÃO. Algumas vezes, na ânsia de entender, ele questiona e Emmanuel como um exímio pedagogo, condutor, modelo para nós pais, mães, professores etc., alivia as tensões e consola Xavier, sem eximi-lo da responsabilidade pela missão que escolheu. Há uma cena que eles estão num avião e passam por uma turbulência, Chico e os outros passageiros ficam desesperados, aos gritos. Emmanuel ao ver o desespero cobra do médium, em tom ríspido, que saiba morrer com educação; chega a ser hilário. Intrigante...  Se o Chico não tivesse sido fiel a estas regras, não tivesse religiosidade, disciplina, naquilo que fazia, pela vida que escolheu, teria se transformado no “Chico Xavier”, sinônimo de doação, altruísmo?
No ano passado li um artigo numa revista científica com o título “Gene do altruísmo”. O autor discorre acerca de uma pesquisa realizada pela Universidade de Bonn, Alemanha, em que pesquisadores teriam identificado o gene altruísta – a variável COMT val. Os voluntários que tinham esta variante do gene doavam mais do que os da variante COMT met. O Chico, por acaso, teria a variável COMT Val em abundância ou o altruísmo nele era algo advindo do exterior e posto em prática? Juntando o quebra-cabeça: Outro dia li um texto fixado na parede de um hospital: “Somos aquilo que repetidamente fazemos. Portanto, a excelência é um hábito, não um feito”. Chico Xavier demonstrou isto muito bem, com sua vida exemplar. Foi disciplinado... Não se esquivava em atender as pessoas; estava sempre disposto (independente do tempo marcado pelo relógio) – roeu todos os ossos do ofício, com determinação. A doação transformou-se em algo sagrado, um hábito do médium...

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Se pararmos para refletir, parece que o gene do altruísmo não é muito comum entre nós. Dessa forma, seria melhor pensarmos na possibilidade de exercitarmos a caridade, todos os dias, até tornarmos o altruísmo um hábito, não um feito esporádico. Uma obra fílmica sobre a história do grande líder da doutrina espírita no Brasil, do ícone da mediunidade, mas que reencarna uma discussão importante na atualidade, morta para nós, o clichê temido por muitos: DISCIPLINA... Esta expressão nos causa incômodo. Nos asfixia... Tudo que exige de nós DISCIPLINA nos dá certa sensação de privação, porque temos medo de nos doarmos, com afinco, como fez Chico, independente da escolha que façamos. Ter disciplina, uma regra tão básica, é o enigma de uma vida plena de doação e sentidos. E, na cultura do “jeitinho brasileiro”, ter disciplina é ser um Chico diferente...
                                

2 comentários:

  1. Hadson,

    Muito bom o artigo.
    Tenho umas considerações:
    1 - Sobre esse trecho: "(...)Um filme que trata da história do fundador da doutrina espírita, um ícone da mediunidade(...)". O Chico não foi o fundador da Doutrina Espírita, esta surgiu na França, a partir do lançamento de O Livro dos Espíritos em 18 de abril de 1857, por Allan Kardec, que é considerado o codificador do Espiritismo a partir da organização das mensagens de Espíritos que foram enviadas por médiuns no mundo todos;
    2 - Chico Xavier realmente tem uma grande importância na disseminação do Espiritismo com suas mais de 400 obras psicografadas, porém como ele mesmo dizia, foram obra ditadas pelos Espíritos e a questão da disciplina é um valor fundamental para esse trabalho de comunicação mediúnica;
    3 - Você abordou muito bem o que há de mais importante, além da mediunidade na vida de CX, o altruismo, onde ele propagou a idéia de caridade de forma muito concreta.

    Parabéns pelo artigo e considerando que sou um trabalhador do Movimento Espírita em Capanema, agradeço pelo seu interesse e consideração.

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  2. OLÁ NILSON!!!!

    COMO COSTUMO DIZER, O TEXTO É UM ESPAÇO DE DISCUSSÃO... E A INTERAÇÃO AUTOR-TEXTO-LEITOR É FUNDAMENTAL PARA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS.
    A RETIFICAÇÃO FOI FEITA. ÉS, DESSA FORMA COAUTOR... RESPONSÁVEL PELA TECEDURA DO TEXTO.
    GRATO PELO CARINHO!!!

    ABRAÇOS!!!!

    HADSON DE SOUSA

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