Pesquisar este blog

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

GAME OVER




Uma das virtudes, sim... considero uma virtude, que mais me impressiona no ser humano, sem ressalvas, é a criatividade... O poder de redimensionar tudo aquilo que lhe é imposto, que insiste em furtar-lhe o que nomeiam de “reflexão”; e que poderia ser nomeado de inquietação, todavia, prefiro batizar de indigestão... Há muita gente que vive um empachamento perene. Nem tomando solda caústica conseguiria diluir tamanho “bolo” de amalgama no estômago. Esses sujeitos fazem valer a massa cinzenta fonte de pensamentos, de onde brotam as mais inusitadas, e porque não, excêntricas ideias. Por outro lado, há aqueles que vivem um eterno desjejum dos “fast foods culturais”. Daqueles pacotes convencionais mágicos que nos tornam “seres dóceis”, ou melhor, domesticáveis e, nos furtam o poder de criar, de pensar.



Ideia é algo que está diretamente relacionado à criatividade, que na atualidade tronou-se artigo de luxo. Um mercado bastante lucrativo, para os que se dão o luxo de pensar... As pessoas vestem ideias, calçam ideias, comem ideias, leem ideias, dirigem ideias etc. etc. etc. E, sobre vestir ideias, outro dia, numa das escolas em que trabalhei, um colega professor me fez refletir, vestido com uma ideia que colidia com um pacote cultural que é embrulhado com um papel que promete felicidade preventiva. Ele vestia uma espécie de caligrama, estampado numa camiseta. “Camiseta??!!”, o leitor pode ter se perguntado. Nada de novo, é verdade, porém o caligrama instaurava o novo...




Como todo caligrama, a estampa era composta de imagem e palavra. Só que imagem e palavra, diferentemente do que se espera de um caligrama, não estavam em consonância, não remetiam ao que é convencionalmente cristalizado/aceito socialmente. A imagem de um casal de noivos, com todas as pompas, como manda o script, os ditadores costumes, foi totalmente redimensionado para uma construção inteligentemente subversiva. A expressão abaixo da imagem era: GAME OVER. No primeiro momento foi inevitável o riso... Riso com tom de prazer, contemplativo, crítico, sarcástico, satírico... Logo em seguida o silêncio da reflexão (e à época eu era casado). Depois veio o clichê necessário para ocasião: Quanta criatividade!!!! (Que nada tem que ver com originalidade).
Sinceramente, o GAME OVER tornou o caligrama perfeito para a realidade de muitos casais. Casar numa cultural egológica como a nossa é o FIM DO JOGO – tradução adequada à situação. Do jogo Eu-Tu... que deveria resultar no “NÓS”. No uma só carne. No cúmulo da cumplicidade... Todavia na cultura do Eu, casa-se para ser feliz, não para fazer o Outro (Tu) feliz. Há até os que repetem a máxima: “Casamento é assim: alguém tem que se anular...”. Daí, o Outro que se dane... Casamento ou GAME OVER??!!... Talvez seja um dos motivos que leva tanta gente a optar pelo fim definitivo de tentar o GAME, ao invés do até que a morte os separe... (Alguns infelizes, no ápice da loucura, adiantam esse processo, “com requintes de crueldade”)... Aos que vivem a ditadura do Eu, sob à égide da infelicidade, desejo a vida: GAME OVER... E seja feliz!!!

(CRÉDITOS DAS IMAGENS: GOOGLE IMAGENS)

Um comentário:

  1. Adrooooooroooooo!!! sou sua fã!!!! sabe disso!!!!muito boa reflexão!! Sara Chena

    ResponderExcluir