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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

GOSTOSA CAÁPANEMA DE OUTRORA...


GOSTOSA CAáPANEMA DE OUTRORA...


Não podemos voltar ao passado para reviver, contudo nossa mente tem o poder de reconstruí-lo... Mesmo que implique em releituras nem sempre tão autênticas. Muitas vezes, isto se torna um fato indesejável. O universo onírico, também, possibilita-nos uma viagem e rompe com as marcas da temporalidade, fazendo-nos fugir desta perene certeza de que vivemos sempre e exclusivamente no presente... É no mundo dos sonhos, na obra “Belém – Capanema”, da autora Marta Navegantes, que podemos reviver uma Capanema que não existe mais.

Uma impossível viagem de regresso a um universo que se transformou pela ação dinâmica do tempo. Mas que na obra torna-se possível, pois a narrativa-documentário é composta a partir de uma viagem “real”, com saída de Belém com destino a Capanema (com um detalhe: “por dentro”, como se dizia antes). Contudo, isso é apenas pretexto para a viagem saudosista e surreal com destino a Capanema de lendas de mata caá e caças panemas. Há, portanto uma meta-ficção. Ou seja, a narrativa desta obra cria uma realidade ficcional e desemboca em outra, ficcional também. Assim o leitor é convidado a reviver uma gostosa Caápanema de outrora, com suas ilustres personas/personagens: O Navegantes, Dona Maroca, Izaura das flores, Zé Correeiro, Dona Luizinha e Seu Neco, Zé Alfaiate, Raimundo pau-velho, Dr. Roberto, Dr. Jorge, Joãozinho Wanderley, Hugo Travassos, Irmã Terezinha, Irmã Clementina, Padre Sales e tantos outros...


Uma viagem, permeada com poesia crítico-reflexiva, para a Capanema em pleno processo de urbanização: a mata azarada dá lugar “ao concreto civilizatório”. A Capanema desfolhada Sem murucututu, sem matintapereira, / sem riacho dourado, sem cheirosa açucena, / Foi ficando sem graça, sem eira nem beira, / Capoeira sem caça, foi ficando caá-panema. A Capanema da igrejinha humilde e aconchegante, mais conhecida por Paróquia de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, que guardava em sua estrutura e em tudo o que rodeava, o suor e os sonhos de boa parte da acanhada população. A Capanema do confidente coreto cor-de-rosa da praça da igreja e, das noites do Arraial; onde ricos e pobres participavam do festejo sem o preconceito do ter e não ter. A Capanema da Estação do trem no coração da cidade: Avenida Barão de Capanema.


Enfim, “Belém-Capanema” é um retrato feito de palavras e revelado com muita sensibilidade, trabalhado à pena, carregada de emoção. Para alguns leitores que lá se encontram ou encontram seus familiares uma catarse interior, uma viagem, um desembarque na estação. Para outros, a oportunidade de conhecer nossa cidadezinha com cheiro de mato, mas sem a cor cinza e aquele cheiro desagradável que anuncia a chegada na cidade hoje... A Capanema como desabafa a autora: Quem dera não fosses hoje / tão em desenvolvimento, / tão mais dura, outro elemento, / tão concreta, sem calor para corresponder.     

3 comentários:

  1. Muito bom, gostei pela aula aprendi um pouco mais sobre Capanema!.

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  2. Fizeram homenagens a todos os segmentos menos à imprensa é mole..? E a Missa Boicote Total.eu hein.

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  3. Que alegria e satisfação em ler um texto educativo e ao mesmo tempo tão poético, que nos faz conhecer, relembrar e amar mais ainda nossa querida Capanema ! Uma irmã orgulhosa!

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