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quinta-feira, 29 de abril de 2010

DIA INTERNACIONAL DA DANÇA



Para comemorar e homenagear o DIA INTERNACIONAL DA DANÇA, uma das expressões artísticas mais antigas da humanidade, a “Vitrina Cultural” divide com seus leitores um link especial com um observador e amante da DANÇA, o poeta paraense PAES LOUREIRO. HINO À DANÇA é uma de suas declarações de amor por esta arte do corpo, da alma... A todos que dançam no palco da vida: dançai sempre... Dançai... 

HINO À DANÇA

A dança é o incêndio da beleza.


É corpo que se faz obra de arte e objeto do desejo.

Poesia que se liberta da palavra.
Oceano gestual de um mar ilimitado.
O corpo na dança se faz um duplo ser
unidos braço a braço, perna a perna
torso e ventre e ventre e torso
unidos corpo e dança, dança e corpo
casto coito entre o sonho e a realidade.
Ora um ora outro torna-se visível.
A dança é língua enquanto o corpo é fala.
A dança, como um pássaro voando,
é sempre a solidão sem asas de um abismo.
Contemplá-la é contemplar as nuvens
atados à terra que nos prende ao chão.
Impossível separar dança e imaginário. O gesto que dança do corpo na dança.
Pois a dança é fogueira de um coração em chamas.


Fogueira de mãos, de braços, de olhar, de corpo inteiro.


Não se separa o dançar do amor à dança.
É o amor que dá ao corpo essa ardência, esse ardor, esse arder.
Um vulcão de quimeras é a dança.
A eternidade equilibrada em breves sapatilhas.
Vitral da alma na catedral do corpo.
Auto-retrato delicado e enérgico do ser.
Liturgia de Eros nos sentidos.
Auto-flagelação com lâminas invisíveis e glorificação narcísica do corpo.
Pois é no corpo, celebrante celebrado, que a dança tem morada.
E faz o corpo habitar o mundo com leveza.


Emoção inseparável, a dança brota da carne como a ilusão brota da vida; como as pétalas, da flor; como o calor, do amor; como o suor, do ardor do sexo; como a lua nasce do luar.
A dança torna visíveis poderes invisíveis mágicos ou místicos.
Turíbulo de símbolos.
Pólen dos delírios.
É a poesia que dança no corpo que dança, jogo de espelhos paralelos.
Na ponta dos pés da bailarina, equilíbram-se o mundo e o destino,
com a leveza levíssima de um suspiro pousando no silêncio.
O corpo que dança se liberta, porque a dança é asa e vôo por sobre a cordilheira da existência.
Risco entre o ser e o não-ser, a vida e a morte, o tempo e a eternidade.
O que ama se converte em ser amado. O corpo que dança em dança se transforma.
A dança é transparência mais leve do que o ar.

Porque o lugar da dança está no ser que dança.
Persona e personagem.
O corpo feito linguagem.
Nada mais visceral e cósmico do que a respiração ofegante e sôfrega após a dança. A bailarina volta a
respirar por seus humanos pulmões. Mergulhada no mar de encantarias de sua arte é como se respirasse
pelas guelras de Iaras e Sereias. E só voltasse a respirar humanamente quando, após a dança,


vê-se retornada ao mundo de todos nós meros mortais.
A dança não tem fim.
Ela apenas se recolhe ao corpo de quem dança
como as chamas de um vulcão jamais extinto.
Oh! Dança, glória do corpo, razão da alma, sagração do olhar.
Oh! Mediadora entre o céu e o inferno da beleza.
Eu te celebro, com palavras que dançam na linguagem.
E também vós que dançais, na dança eu vos celebro!
Dançai e dançai sempre. Dançai sempre. Dançai!


João de Jesus Paes Loureiro/2003

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