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sábado, 16 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO NA “SOCIEDADE DO CONHECIMENTO”

O LAVRADOR DE CAFÉ - CÂNDIDO PORTINARI (1934)
São incomensuráveis as transformações sociais ocasionadas pelo conhecimento, no sentido latu da palavra, desde as primeiras organizações humanas, sociedades; essas transformações estenderam-se à todas as áreas e setores. Assim, o homem organizou-se em grupos mutáveis. Primeiro, viemos de uma sociedade agrícola que se transformou em uma sociedade industrial – “... a tecnologia substituiu a sociedade agrária pela sociedade industrial”. Por conseguinte, vislumbrou-se a “era dos serviços” ou “pós-industrialização” – divisão das atividades econômicas em setores: primário (agricultura, pesca e mineração), secundário (indústria ou produção de bens) e terciário (comércio e serviços). Daí, desembocamos na “Era da Informação”, como denominam alguns pensadores. 


No entanto, o acelerado e desenfreado avanço técnico-científico, e as novas exigências da era digital, provocaram mudanças radicais em todos os setores da sociedade contemporânea. Por isso, a informação não deve ser priorizada em detrimento à produção de conhecimento. Cresceram os debates acerca da educação e as infindas “tecnologias da informação e comunicação” (TIC), visto que a educação deveria atender a demanda do contexto sócio, econômico e político do panorama em que está inserida. Destarte, sentiu-se necessidade de reformas no setor educacional e, em especial, na formação dos enunciadores responsáveis por intermediar os inúmeros saberes nos ambientes escolares – professores. Todavia, estas reformas restringiram-se à inserção das TIC’s nas escolas.


As mudanças na área educacional, visando suprir uma demanda tecnológica, descartaram a nova formatação social emergente: a Sociedade do Conhecimento. O professor Paulo Yazigi Sabbag (da Fundação Getúlio Vargas, autor de “Espirais do Conhecimento: Ativando indivíduos, Grupos e Organizações”) pondera: “Nessa nova sociedade, o maior valor é atribuído não à informação em si, mas à capacidade de um profissional de comunicá-la e de usá-la para a aplicação e o avanço do conhecimento e à capacidade de uma empresa de acumular capital intelectual”. Os futuristas que, no início do século passado, deram o “pontapé inicial” a essas mudanças ficariam, sem dúvida, “boquiaberta” frente à velocidade do mundo contemporâneo, principalmente, na produção de conhecimento (científico) em parceria com as novas tecnologias que, tornam o planeta minúsculo, quebrando fronteiras numa comunicação instantânea, num vaivém de informações: conhecimentos e culturas.

OPERÁRIOS - TARSILA DO AMARAL (1933)
As políticas educacionais, entretanto, são incompatíveis à nova formatação social. Nosso sistema educacional ainda está engajado na formação de profissionais, técnicos, empregados massificados e disciplinados – quase sempre pouco criativos e ou conscientes de suas potencialidades – para atender a Sociedade Agrária e Industrial, ao invés de produtores de conhecimento que supram a demanda da nova sociedade, onde as ideias é que importam. Elas são os patrões. As instituições de ensino não fomentam a refutação e/ou reflexão acerca dos conhecimentos produzidos pelas sociedades anteriores, para então, surgir novos conhecimentos. Desprezam o fluxo de informação que deveria ser transformado em conhecimento. Com isso, a educação fica a margem da acelerada e ilimitada produção de conhecimento, que caracteriza a contemporaneidade.

Enfim, diante destas perspectivas, preza-se por mudanças no âmbito educacional, tanto nos espaços físicos – escolas (com a inserção de mais aparatos tecnológicos) quanto no desenho curricular (dando um caráter mais transdiciplinar e produtivo) e, sobretudo, na formação dos educadores que atuam e/ou preparam-se para atuar neste setor. Se a compreensão e produção de conhecimentos não forem valorizadas na educação formal não poderemos redimensionar a sociedade a uma formatação satisfatória, menos marginalizadora, catastrófica e excludente.

Um comentário:

  1. Olá amigo, certamente somos conhecedores desse cenário, no entanto, muitas vezes não temos o "compromisso" em realizar leituras que permitam um olhar reflexivo mas apurado, principalmente quando essa leitura remonta fatos históricos tão batidos, porém, esse fichamento com base no texto original, permite-nos uma leitura rápida e reflexiva num entendimento imediato...

    Parabéns pela iniciativa... tenho dedo de percela... )rs) Francisco Oliveira.

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